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Tratando de segurança digital, especialmente quando o assunto são transações bancárias ou aplicativos de bancos, é natural pensar que pessoas mais jovens correm menos riscos do que a população que alcançou 75 ou mais anos. Porém, tal suposição pode partir de um pressuposto equivocado, uma vez que ambas as gerações estão sujeitas a riscos semelhantes, conforme apontou um levantamento feito pela LexisNexis Risk Solutions, empresa global de análise e dados. Essa pesquisa identificou um aumento no número de fraudes digitais envolvendo transações financeiras virtuais entre pessoas com idade na faixa de 18 e 24 anos, classificados como Geração Millennials, e com mais 75 anos.
Não que as demais faixas etárias tiveram redução no número de casos, mas os registros apontaram picos para esses dois perfis. Ao longo do ano passado, em relação a 2020, foi um aumento de 31% no número de fraudes para o grupo mais jovem e 26% para os mais velhos. Mesmo assim, os idosos têm maiores perdas porque seu patrimônio e renda são maiores.
Para chegar nesta conclusão, o estudo analisou 5 bilhões de movimentações financeiras em 2021. Deste equivalente, cerca de 66% estavam no Brasil, revelou a LexisNexis. Tais números incluem operações realizadas junto a bancos, redes de varejo, serviços de streaming, plataformas de e-commerce e empresas aéreas.
Uma dúvida fomentada pelos resultados da pesquisa é a de como é possível que pessoas com tanta diferença de idade possam estar sujeitas aos mesmos problemas no universo digital. Para a engenheira de softwares e diretora comercial da Most Specialist Technologies – empresa especializada em soluções de captura e dados de imagens, por meio de tecnologias de Inteligência Artificial e assinaturas digitais –, o que desencadeia o quadro são comportamentos opostos em relação a cada geração, mas que tem um único fundamento: mau uso da internet.
“O que posso dizer a respeito é que ambas gerações não tomam os cuidados necessários na internet e os fraudadores aproveitam desse mau uso para aplicar ciladas infalíveis. Enquanto um grupo tem dificuldade para compreender os métodos, as restrições e o fluxo da internet e isso acaba os deixando expostos involuntariamente, o outro tem muita facilidade e acaba se expondo demais. Para ambos, no fundo, o problema sempre é a exposição virtual”, explica a especialista.
Maria Cristina esclarece que para os mais jovens, a falta de preocupação com a segurança é o que acarreta o quadro. “Eles estão bastante acostumados com a internet e já acham que a casa é deles. Posso dizer que é uma cultura de exposição. Compartilham dados pessoas, mostram documentos em transmissões, deixam escapar registros importantes e essa aparição de informações é um prato cheio para fraudadores”, justifica.
Já no caso dos idosos, os golpes estão na persuasão, principalmente. “Golpistas são categóricos para conduzir pessoas idosas às fraudes. Muito por conta da sua fragilidade, essas quadrilhas especializadas em aplicar golpes criam cenários e circunstâncias envolvendo entes queridos e usam o celular dessas pessoas para pegar empréstimos, fazer transferências e comprar itens sem o seu consentimento”, pontua a diretora comercial da Most Specialist Technologies.
Por outro lado, no mesmo caminho no qual estão os riscos de fraudes, também existem tecnologias que podem minimizar a ação criminosa. “A Inteligência Artificial tem servido de suporte para a construção de sistemas de alta tecnologia, capazes de conferir a autenticidade de documentos oficiais de milhões de usuários, observando em instantes se há irregularidade na identificação. O Face Match, por exemplo, tecnologia que compara o rosto do usuário com a imagem do documento, é uma barreira e tanto contra pessoas que utilizam dados de terceiros de forma indevida”.
A especialista segue explicando sobre tecnologias disponíveis que complicam a vida dos criminosos e colaboram para mais segurança para usuários de aplicativos e dispositivos virtuais. “Temos também as medidas Know Your Client, chamado de KYC, ou, em português ‘Conheça seu Cliente’. Esse conjunto pode contribuir para identificar e proteger vítimas com perfis mais vulneráveis e, sobretudo, alimentar um banco de dados crescente, com informações minuciosas de criminosos e potenciais golpistas, que atuam não apenas contra as instituições financeiras, mas também contra empresas dos mais diversos portes”.
Muito desta pauta está diretamente ligado com a pandemia de Covid-19, que acelerou os processos de digitalização. Maria Cristina confirma essa hipótese e ainda certifica que empresas tem investido cada vez mais para afastar riscos os criminosos de seus clientes.
“A batalha aqui não é entre uma geração e outra para saber qual é mais vulnerável. Está claro que ambas são vulneráveis. A grande luta está nas mãos das empresas que armazenam dados pessoais de pessoas. Não somente das que estão mais à mercê, mas de todos nós. No ano passado, a Febraban confirmou que apenas os bancos investiram R$ 2,5 bilhões em segurança digital. Ainda que estejamos vivendo num mundo cada vez mais globalizado e integrado à internet, também estamos passando por automações que deixam essa nova realidade cada vez mais segura”, finaliza.