Os noveleiros de plantão com certeza vão se lembrar da novela de Glória Peres que falava do Marrocos, principalmente da cidade de Fez. Porém, vamos dizer que a cenografia e pesquisa sobre a cultura local não foi tão bem feita pela Rede Globo. Esqueça as danças sensuais e as roupas extremamente coloridas, as mansões todas bem decoradas. O Clone e as peripécias de Jade não condizem muito com a realidade de um país tão singular quanto o Marrocos.
Imagem: Lilian Inácio
Conhecida como uma das Cidades Imperiais do Marrocos, assim como Meknes, Marrakech e Rabat, foi desprezada como capital no século 17 por Moulay Ismail. A mais antiga capital imperial do Marrocos está com 950 mil habitantes nos dias atuais. não só é a capital mais completa do mundo árabe como tem duas medinas, a Fez el-Bali e a Fez el-Jedid, Fez el-Bali é a medina por excelência e foi tombada pela UNESCO como Patrimônio Histórico da Humanidade em 1981. O labirinto de ruas e vielas, algumas com menos de 60cm de largura, confunde no começo, mas é um lugar excelente para se perder, pois há visões incríveis a cada virada de esquina. Um novo ângulo, uma nova surpresa de deixar o turista fascinado em cada ;detalhe. Em Fez encontra-se a universidade mais antiga do mundo e ainda hoje em funcionamento, a Universidade de Karueein.
Moulay Idriss I fundou Madinat Faz em 790, mas foi seu filho Idriss II quem a transformou numa cidade árabe, com muçulmanos de Córdoba no bairro andaluz, árabes ;tunisianos no Kairouanase e uma comunidade judaica. Sem a sofisticada cultura urbana e as ;tradições artísticas desses estrangeiros, Fez jamais teria alcançado tamanha grandeza e ;destaque. Conhecida como a capital cultural do Marrocos, os que em fez nasceram se sentem ;superiores ao restante do Marrocos, pois acreditam serem mais inteligentes e mais bonitos que os outros habitantes do país. Nota-se a diferença nos trajes femininos, que em outras cidades ;são simples e de cores neutras, em Fez as muçulmanas ousam vestir-se de uma forma mais ;alegre, fazerem maquiagem e usarem sapato de salto.
Para se compreender todo emaranhado do traçado urbano de Fez, o melhor seria antes de se adentrar nessa aventura, ir até um dos pontos mais altos de Fez e admira-la de ;longe, tentando compreender tudo de cima de uma colina. Uma boa dica é entrar no luxuosoHotel Merenides, do qual se tem uma bela panorâmica, principalmente ao entardecer, ou das Tumbas Merínidas ou da Fortaleza Borj Nord. Espere para as luzes da cidade apare cerem e fotografe muito.
Ao entrar na tão famosa e bela medina de Fez, prepare-se para os aromas, cores, sabores, as pessoas e suas roupas, suas tradições tomarem conta de sua visão e de suas sensações. Cada curva uma surpresa, esqueça os mapas, eles servirão para te orientar levemente, pois se perder pelas vielas faz parte do turismo de uma medina. O que há de diferença mais marcante entre a medina de Fez e as de outras cidades imperiais é a autenticidade. Em Fez pode-se ver todos os profissionais trabalhando durante o dia, fazendo tudo com suas maquinas precárias ou com as próprias mãos, como os ferreiros, os joalheiros, ceramistas, carpinteiros, gesseiros, bordadeiras. Isso nos deixa mais confortáveis quanto a veracidade dos produtos comprados.
Fez el-Bali — A entrada principal para a velha medina é o Bab Boujeloud, de 1913. Próximo já se encontra a Dar Batha, um belíssimo edifício mouro com um pátio tranquilo, com coleções de artes populares de tapetes, cerâmicas e caligrafia. Duas alamedas principais partem deste portão até o famoso Souk el-Attarine (mercado de especiarias) concentra os produtos mais preciosos como roupas finas, sedas e jóias, Talaa es Seghira e Talaa el – Kebira e um dos monumentos mais impressionante do país: Medersa Bou Inania.
Essa medersa foi construída no século 14 pelo sultão Abou Inan, que diziam ser mais interessado em sexo e assassinatos do que em religião. Líderes religiosos queriam proibir essa construção, então o sultão mandou fazer a mais imponente medersa de todo o país, com minuciosos detalhes de estuque, zellig e entalhes de trechos do Alcorão pelas paredes.
Próximo a Place Seffarine, encontra-se o colorido Souk Sebbaghin (souk dos tintoreiros) e do outro lado os curtumes mal cheirosos e bonitos de se ver dos terraços mais elevados.
Fez el-Jedid – essa nova medina foi construída no século 13 e a praça Petit Mechouar era palco de vários artistas de rua e desde 1970 está fechada para reforma, que nunca foi concluída. Em um dos lados fica o Palácio Real, fechado ao público, um dos mais belos do Marrocos. O atual Rei casou-se no jardim (praça) em frente e pela primeira vez na historia do Marrocos que um rei apresenta sua mulher em público e, sem o véu, quebrando todas as regras tradicionais de um país muçulmano. A Grande Rue des Merenides, atravessa o Mellah, o bairro judeu, repleto de lojas de especiarias, pratas, lustres, roupas. Há sinagogas, cemitérios, casas abandonadas dos séculos 18 e 19.
Compras:
Caminhe em busca de tapetes, principalmente os de uma cooperativa de mulheres viúvas por preços mais altos e qualidade exemplar, assim como os teares para seda, para fabricação de mantas, almofadas e xales. Jogos americanos bordados a mão, carteiras e jaquetas de couro, e os produtos das lojas de Herboristas (óleo de argan, cosméticos e perfumes feitos na hora) podem valer a pena.
Gastronomia: prove os destaques da culinária fassi (gentílico de Fez) como o Choua (cordeiro com cominho no bafo), cordeiro recheado com amêndoas, semolina e passas e Tajine com coração de alcachofra.